ADEGA RIO DOURO (Afurada)
Pastelão de sardinhas e iscas de bacalhau
O fado é, por assim dizer, uma espécie de apêndice que deu notoriedade à casa, mas o mais importante é, como facilmente se constata à primeira vista, a dona Piedade. Daí que o nome oficial seja praticamente ignorado e o local quase sempre referido como a Adega da Piedade. É ela quem comanda o negócio, impõe o ritmo e, mais importante de tudo, toma conta da cozinha de onde saem deliciosos e diversificados petiscos que costumam atrair a clientela a partir de meados da tarde.
O cheiro a cominhos do tacho de bucho que vem da cozinha ainda a borbulhar não deixa margem para dúvidas. Mas há também rojões, fêveras, bolinhos, panados, rissóis e outras iguarias que diariamente se repetem segundo a imaginação e disponibilidade de produtos da cozinheira. E como além dos fogões é também competente e acolhedora anfitriã, o melhor é mesmo seguir as suas sugestões. "Ó filhinho, isso hoje não há, mas as fêveras estão muito boas." Para bom entendedor...
Imperdíveis são mesmo o pastelão de sardinhas (ou de filete) e as iscas de bacalhau, daquelas saborosas e escorridas, com polme à séria como já é raro encontrar-se.
Para além dos comes e bebes, todas as terças à tarde há uma atracção extra: o fado vadio que ali se pratica há mais de 30 anos e se tornou já num costume enraizado. Daí o quadro, colorido e de estilo popular, a retratar Amália na sua juventude que domina a decoração, acolitado por xailes e outros adereços alusivos ao mundo fadista.
Mesas e banquinhos de madeira pintados de preto, tal como o soalho, a compor o ambiente de estilo asseado e acolhedor e com vista para a mansidão do Douro que ali em frente se apressa a chegar à foz.
A tudo acresce ainda a localização privilegiada. Uma espécie de balcão sobre o rio, cujo espaço exterior funciona também como esplanada e de onde se contempla o vai-e-vem incansável do Flor do Gás nas suas travessias até à Afurada.