Caminho de Santiago 2015 - 1,2 e 3 de Maio

Santiago 2015

É o quinto ano que este grupo faz os Caminhos de Santiago, sempre diferentes, desta vez o foi escolhido foi o Caminho de Finisterra, passando por Muxia. 
A data eleita foi o habitual fim de semana de 1 de Maio e ficamos com a sensação de que todos os portugueses tiveram a mesma ideia, tal  a quantidade de peregrinos com que nos cruzamos, tanto a pé como de bicicleta .
Por vicissitudes várias o grupo teve apenas seis elementos mais dois no carro de apoio.
A track dava cerca de 209km, menos 40km do que temos feito e em vez de partimos da Maia como habitualmente, na quarta-feira e regressarmos no domingo, partimos sexta-feira e regressamos no domingo, dando origem a uma versão mais compacta do caminho: mais cansaço em menos tempo
Este caminho não tem uma grande altimetria, aparentemente, pois o ponto mais elevado fica pelos 474m mas as partes planas são muito poucas e analisado a track verificamos que o total de acumulado nas subidas é de 4.762m, isto em pouco mais de 200km e para comparação, são mais 939m que o acumulado da AE entre Maia e Bragança que fica pelos 3.823m J. Resumindo: ia ser mais complicado do que parecia.
O Caminho não teve incidentes de maior para além de umas pequenas quedas, fruto de algumas escorregadelas e que mais pareciam pretextos para descansar J e dois furos, um de mais fácil resolução que outro.

Sexta-feira, dia 1 de Maio. Primeiro dia.
Reunião dos participantes pelas 7h da manhã para se dirigirem para Santiago de Compostela, não se
justificava o habitual autocarro e viajamos com um carro e com a carrinha, até porque um dos elemento tinha ido no dia anterior.
Uma vez chegados, carro estacionado, bicicletas e equipamentos preparados, seriam cerca das 11h, da hora espanhola, quando nos deslocamos para a Plaza do Obradoiro, este ano local de partida e chegada. Tirada a foto da praxe lá começamos o nosso caminho.
Já estava estabelecido que o primeiro ponto de paragem seria Negreiros, a cerca de 21km, enquanto a equipa de apoio ficava em Santiago, a matar saudades J.
O tempo estava chuvoso mas com muito pouca intensidade, no entanto como tinha chovido muito no dia anterior e nessa noite, fomos encontrando bastante lama. J
Desta vez a saída foi tranquila mas para não quebrar a tradição, uns quilómetros mais à frente houve um engano no caminho, desta vez de apenas umas dezenas de metros, não fossem a subir
Sabiamos por outros relatos que o percurso não ia ser fácil em termos de relevo, algo que se confirmou e que fez com que estes 21km demorassem bem mais que 2h. Uma vez chegados a Negreiros e uma vez que a equipa de apoio ainda não tinha matado as saudades todas, continuamos para o ponto seguinte, Santa Mariña.
Neste local falhamos uma marcação de caminho, o que provocou um pequeno desencontro mas acabamos por nos reunir num local bem mais aprazível do que inicialmente combinado, com mesas de piquenique e água, próximo de um cruzeiro do Caminho, tínhamos andado uns 35km.
Comemos e descansamos, pena que estivesse um pouco de frio e como estávamos molhados, arrefecemos e o arranque foi um bocado custoso, com algumas cãibras, passava já das 16h.
O destino já estava marcado. a rotunda depois de Olveiroa, onde o Caminho se bifurca para Finisterra ou Muxia.

Neste dia tivemos um furo, de complexa resolução porque a roda não ficava devidamente calibrada e voltamos a parar num café para tentar resolver o problema que se alongou no tempo, já que demorou 52.582 vezes mais que os 2,05s da equiparedbull na fórmula 1 mas eles também não têm o problema de existirem válvulas presta e schrader e como tal, enquanto a equipa de engenharia trabalhava, a de relações publicas foi conversando com os peregrinos que iam chegando, enquanto outros optaram pelo spa local. Vantagem de equipas multifacetadas.
Como é normal os elementos do grupo têm diferentes andamentos, havendo de quando em vez paragens para agrupar, normalmente no cimo de subidas e isto independentemente de nos pontos de bifurcação ficar sempre alguém à espera que o ultimo chegue para que ninguém se perca. Acontece que entre estes pontos podem haver alguns problemas de comunicação, o que foi o caso, já que o pessoal de apoio calculou que pela hora tardia a que retomamos o pedalar que iríamos ficar por Olvieroa e já tinham o albergue reservado, quando lhes dissemos que já os tínhamos passado e ninguém queria ouvir em voltar para trás, até porque tínhamos vindo a descer…
Estivemos parados uns 15m e decidimos continuar para Muxia (mais 21km), desta vez pela estrada pois estava a ficar noite e em virtude do estado do Caminho ele era muito lento e íamos ter problemas, apesar de o trilho ser mais curto.
Lá tiveram que desmarcar o albergue, arranjar-nos outra estadia em Muxia e um local para jantar. É um luxo ter uma equipa de apoio destas.
Nesta ultima parte tivemos sempre chuva e chegamos pelas 21h30m à pension que ficava mesmo em frente ao mar e depois de tomado um banho, tudo parecia diferente.
O local para jantar foi muito bem escolhido, restaurante O da Loló. Fomos bebendo uma cerveja enquanto esperamos pela equipa de engenharia que esteve a dar a solução definitiva à roda. Como começamos a jantar tarde e como nos sentíamos bem, a refeição prolongou-se e acabamos por nos deitar muito perto das 2h.
Pelos dados que o GPS indicava percorremos 88,9km, com uma média de 12,6km/h, pedalando durante 7h03m.

Sábado, dia 2 de Maio. Segundo dia.
Este iria ser o único dia completo na Galiza e como a primeira parte do percurso ligava dois pontos de uma zona costeira, pensamos, ingenuamente, que ia ser acessível.
Às 8h estávamos a tomar o pequeno almoço e mais perto das 9h começamos a pedalar com uma visita ao célebre Santuário "A Virxe da Barca" e da "Pedra dos Cadris", esta ultima vista ao longe porque junto ao mar estava uma ventania tremenda que nos desviava as bicicletas. Regressamos ao centro da cidade e tomamos a direcção do nosso destino: Fenisterra.

Estes Caminhos de Santiago devem ter sido traçados como sendo a ligação mais curta entre dois pontos, o que nos leva invariavelmente a ter que passar pelo cume dos montes e de estar sempre a subir e descer.
Foi o pior dia de todos em termos de intempéries, choveu permanentemente e como o piso estava todo molhado, tínhamos que pedalar continuamente, mesmo em plano, já que o atrito parava a bicicleta, para além do vento estar sempre contra, o que levou a que precisássemos de toda a manhã para fazer estes 33km.
Com esforço chegamos a Fenisterra onde tínhamos o pessoal à nossa espera e que sugeriu colocar a carrinha na zona do porto de pesca onde havia pavilhões com palas e onde se podia comer o que tinham comprado sem apanhar chuva.
Enquanto a carrinha foi para o porto, fomos ver o farol, só que a chuva persistente, o vento forte e a subida interminável fez com que parássemos quando ficou visível ao longe, embora a uns 3km de distância.
Fomos para o porto, onde comemos, trocamos alguma da roupa e descansamos um pouco. Depois preparamos-nos para o resto da viagem que seria no mínimo outro tanto, porque havia quem ainda pensasse em chegar a Santiago ainda nesse dia.
Contornamos a baía e chegamos a Cée onde estava previsto paramos mas nem o fizemos pois prevíamos um caminho lento e duro.
Não vale a pena voltar a referir as subidas e descidas mas alguns quilometro depois deparámos-nos com uma “parede” semelhante à subida da serra de Albergaria, em Laza, o mesmo tipo de trilho em pedra solta muito inclinado, talvez esta mais longa (uns 2km) mas sem o “Ricon del Peregrino” no final. :)
O Solo estava empapado, com lama e grandes poças de água e havia locais onde havia tanta areia que era difícil rolar por as rodas se enterrarem, para terminar e já próximo onde os caminhos de Mixua e Finisterra se voltam a encontrar, apanhamos um vento que nos empurrava para fora dos trilhos, embora uns tivessem mais lastro para o aguentar que outros.
Como já eram 18h10m, todos se renderam a ficar no albergue Casa Loncho em Olvideroa, o tal que tinha sido cancelado no dia anterior, ficamos os 8 numa camarata de 10 camas.
Primeiro lavamos as bicicletas e guardamos-las num armazém, depois tomamos nós banho e fomos jantar, muito bem, no restaurante “O pias”, não tivesse a prospecção sido feita por especialistas, comemos: caldo galego. chuleton e secretos de porco, tudo acompanhado como deve ser.
Depois fomos tomar um digestivo para o café do albergue até porque, como pudemos verificar, 80% da frequência era da Maia e aproveitamos por divulgar as próximas festas, já que tínhamos o presidente da comissão connosco.
Pelos dados do GPS fizemos 64,9km em 6h45m, numa média de 9,6 km/h.

Domingo, dia 3 de Maio. Terceiro e último dia.
Levantámos-nos pouco antes das 7h para sairmos o mais cedo possível porque ainda tínhamos uns 60km para fazer.
Como esta parte do Caminho já a tínhamos feito no primeiro dia, ficou decidido que agora regressávamos por estrada , pois queríamos chegar cedo a Santiago e com a chuva do dia anterior no Caminho iria haver muitos pontos de difícil progressão.
Tomamos o pequeno almoço, metemos as coisas na carrinha e vemos a chuva a começar a parar :) A verdade é que nunca mais choveu nesse dia, só nevoeiro, havendo até abertas com sol. Isto ajudou a um bom andamento e mais ou menos a meio, a poucos quilómetros de Negreiros, paramos numas bombas de gasolina para nos restabelecer, já que foi possível comprar bebidas frescas e comer o que tínhamos na carrinha.
Depois foi seguir viagem e chegar a Santiago pela 13h28m e não foi mais cedo porque tivemos um furo numa das inevitáveis e longas subidas que nos atrasou cerca de 30m.
Depois de comemorada a chegada, fotos tiradas, carimbada a credencial, fomos para a carrinha arrumar as bicicletas, mochilas e trocar alguma roupa.
De seguida tentamos um restaurante próximo mas como era Dia da Mãe, estava tudo demorado e optou-se por se parar na viagem para comer, em Tui, onde mais uma vez correu tudo a preceito :).
Nesta ultima etapa fizemos 59,1km, o que deu um total de 212,9 km percorridos, podendo na imagem seguinte ser visto a verde o caminho previsto e a azul o feito. A altimetria é do caminho feito, dada pelo google earth.









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