Caminho de Santiago 2013 - 24.4 a 28.04


Este ano escolhemos fazer o Caminho Português do Interior que encontra o Caminho Sanabrês em Laza. 
O camiño Sanabrés começa em Pueblo de Sanábria mas tem uma bifurcação em Laza onde pode seguir em frente, para Albergueria ou passar por Verin e Xinzo de Lima, voltando-se a encontrar em Pereiras.
Vamos partir de Chaves para não ultrapassar os 250km, já que achamos que é o máximo que conseguimos fazer em 3 dias.
Mais um vez levamos uma carrinha de apoio que tanto leva as bicicletas para Chaves e as trará de Santiago como nos acompanhará para levar as mochilas, alimentação e sacos-cama, evitando que tenhamos que transportar vários quilos mais. Ao longo do percurso planeamos encontros estratégicos para podermos comer. O grupo é grande, 15 ciclista e o condutor da carrinha, o que significa que as estadias em albergues estão fora de causa já que neste caminho alguns têm menos camas do que os elementos deste grupo e para além disso os caminhantes têm sempre prioridade. 
Isto também significava as etapas serem mais longas porque há locais onde não existe acomodações para tanta gente e por isso, para o primeiro dia, tínhamos um objectivo ambicioso que era chegar a Ourense mas não sabíamos se era concretizável.
Outra decisão que tomamos foi que iríamos todos para Chaves no dia anterior para que se evitassem atrasos na partida.

Dia 24.04 - quarta-feira
Partida da Maia. Planeávamos sair pelas 17h para que pudéssemos jantar tranquilamente em Chaves. Pelas 16h começamos a acomodar as 16 bicicletas na carrinha e apenas ficaram a faltar 2 que estavam a chegar de Abrantes. Alugamos um pequeno autocarro para nos levar e soubemos que o casal que ia lá ter era porque um deles tinha que dar uma aula até à 20h, então resolvemos atrasar a partida e irmos todos juntos. Pelas 19h arrancou a carrinha para Chaves e um pouco depois, o pequeno autocarro para o centro da cidade do Porto para ir buscar a participante em causa.
Chegamos ao Hotel Aquae Flaviae já passava das 23h e lá estava a carrinha à nossa espera. Fizemos o check in e fomos à procura de cafés abertos onde pudéssemos comer algo. A maioria deitou-se pela 01:00.

Dia 25.04 - quinta-feira
Combinamos tomar o pequeno almoço pelas 7h30 e pelas 8h começamos a montar as bicicletas que para caberem na carrinha foi necessário desmontar as rodas da frente e os selins. 
Eram cerca das 9h quando estava tudo equipado, com a bikes já lubrificadas, dirigimos-nos para a Igreja de Santa Maria Maior (Matriz), onde iríamos iniciar o caminho.
O caminho em Chaves está muito bem sinalizado com setas nos postes de iluminação e nos sinais de trânsito. O percurso até Verin é relativamente plano e entramos em Espanha por Vilarelho da Raia quase sem dar por isso, ou melhor, foi quando nos apercebemos que os nomes das ruas não eram em português. O caminho é bastante asfaltado excepto quando atravessamos as aldeias cujas ruas são quase sempre em paralelos.
Chegamos a Verin relativamente rápido e era onde estava combinado o encontro com a carrinha mas como nos sentíamos todos bem, sem fome, resolvemos recuperar algum do atraso da saída e continuar até Laza.
Esta decisão fez com que perdêssemos a carrinha e o almoço pois em Verin há dois caminhos possíveis, um por Laza e outro por Xinzo de Limia e foi este que ela seguiu, algo que nós só percebemos mais tarde para além de que quem ia na carrinha se ter esquecido que tinha que activar o roaming e como tal ficou incontactável algum tempo.
O caminho até Laza é maioritariamente por estrada mas depois entra exclusivamente em trilhos e caminhos rurais. Passamos a vila e paramos num desvio da estrada à espera da carrinha e quando a contactamos ficamos a perceber que o desencontro era grande, assim resolvemos continuar e parar mais à frente num café e comer algo. No entanto logo percebemos que as aldeias seguintes, Soutelo Verde e Tamicelas, eram muito pequenas e nem cafés tinham, assim, partilhamos os snacks e lá fomos.
monte de Requeixada
Ricón del Peregrino
Em Tamicelas começa a subida do monte de Requeixada. Este monte dá acesso à aldeia de Albergueria e é realmente difícil, não só pela sua inclinação como pelo terreno em cascalho solto que atrasa a progressão, mesmo a pé mas sempre que era ciclável lá montávamos as bicicletas e acabamos por chegar à aldeia e ao característico bar “el Ricon del Peregrino” onde nos retemperamos pois estávamos mais mortos que vivos. Tínhamos percorrido até aqui 54Km e subido 400m em poucos quilómetros, o que dá ideia da inclinação.
Entretanto soubemos que a carrinha estava a chegar e ficamos à espera dela e assim terminamos a refeição com fruta pois a jornada tinha que continuar já que apenas estava a meio.
Passada a “parede” o percurso foi maioritariamente a descer e atravessamos povoações maiores como Vila de Barrio no entanto apanhamos caminhos cuja água e lama nos obrigou a levar a bicicleta à mão outras vezes.
Xumqueira de Ambia
Chegamos a Xumqueira de Ambia que tem um albergue pouco antes do centro da vila e era o ponto de encontro com a carrinha. Tínhamos andado 74km e soubemos que o albergue estava cheio, no entanto podiam abrir o ginásio da escola mas o problema é que não tinham comida para todos, apenas para os que estavam no albergue. Perante isto decidimos que iríamos andar os 30km que nos separavam de Ourense já que é uma cidade grande e achávamos que não ia haver problemas de alojamento. No entanto paramos no centro desta bonita vila, com uma igreja enorme e toda a zona envolvente está muito bem conservada e onde já estava a carrinha com os ingredientes para fazermos o nosso lanche.
Ourense, junto à Catedral
Passava das 20h00 quando chegamos a Ourense, ao fim de 107 km, só que arranjar estadia que permitisse guardar as bicicletas não foi fácil. Juntamo-nos à volta do chafariz, junto à Catedral e dividimo-nos de forma a perguntar nalguns locais sobre a estadia. Fomos ao albergue e soubemos que nos podia receber mas que não tinham local para bicicletas, indicando-nos um café perto que as guardavam na garagem por 1€ cada. Resolvido este problema havia outro que era serem 21h e o albergue encerrar às 22h. Estávamos sem banho e sem repasto. 
Como não era viável ficar no albergue pedimos que nos indicassem uma hostal onde guardassem as bicicletas. O funcionário foi muito prestável e ajudou-nos, fez uns telefonemas e fomos para a hostal Lido onde foi possível ficarmos instalados e as bicicletas seguras.
A verdade é que todos foram simpáticos connosco, como já começava a ser tarde na recepção indicaram-nos e marcaram o restaurante Maizon Las Vegas, onde comemos bem.
Jantamos e demos um pequeno passeio pela cidade para bebermos uma caña mas a verdade é que estávamos cansados e ao fim de pouco tempo fomos para a cama, curiosamente vimos anunciados mais eventos a comemorar o 25 de Abril de que se calhar aconteceram no Porto.
Quando estabelecemos que os cerca de 220Km tinham que ser feitos em 3 dias, isso dava cerca de 70Km/dia e alguns de nós, os mais novatos, tinham duvidas de o conseguir. A verdade é que para chegar a Ourense acabaram por fazer 107Km e pedalar um pouco mais de 8h.

Dia 26.04 - sexta-feira
na ponte romana de Ourense
Como já tínhamos feito quase metade do caminho, o encontro para o pequeno almoço podia ser um pouco mais tarde e foi marcado para as 8h, só que o tomamos num café em frente e acabamos por nos atrasar muito em virtude do serviço, passava das 9h quando começamos a viagem.
Fomos à Catedral para retomar o caminho, visitar e carimbar as credenciais, depois atravessamos a cidade até chegar à ponte romana que une as margens do rio Minho e que tem a maior inclinação que já vi. Paramos para tirar a foto do grupo, aproveitamos para olhar em volta e percebemos que só saiamos dali a subir e assim foi, fizemos o penoso Caminho Real seguido do Caminho da Costa, este com restos de antiga calçada empedrada.
No entanto não foi só esta subida, todo este segundo dia foi a subir tornando-o o mais difícil deste nosso caminho.
Finalmente chegamos à ermita de San Marcos, onde nos voltamos a reunir já que há sempre dispersão nestas subidas. Depois de algumas fotos retomamos o caminho em direcção a San Cristovo de Cea, famosa pelo seu pão e onde se encontram muitos fornos bem conservados.
No percurso passamos por caminhos muito bonitos e com alguma dificuldade para andar de bicicleta mas isso faz parte da emoção da viagem.
San Cristovo de Cea
Em Cea paramos para almoçar pois a carrinha já estava à nossa espera com o pão, queijo, chouriço, etc. Estivemos a comer na praça Mayor onde tem bancos em pedra e uma fonte encimada por uma torre com relógio. Durante 1h30 comemos, descansamos e tomamos café num estabelecimento na praça.
Depois seguimos caminho mas não passamos pelo Mosteiro de OseiraJ com este desvio, apesar de ser uma visita recomendável, pois o nosso objectivo é chegar a Lalin e este segundo dia já se estava a revelar suficientemente acidentado, não sendo necessário aumentar mais o grau de dificuldade
Seguimos para Castro Dozón e depois tivemos outra longa subida por estrada, seguida de muito trilho num fim de tarde muito ventoso e onde se deu o primeiro furo desta viagem mas acabamos por chegar a Lalin e ficar muito bem hospedados no hotel Torre de Deza, com a bicicletas guardadas numa garagem privativa. Jantamos muito bem no hotel e acabamos a noite com uma amena cavaqueira.

27.04 - sábado
Mais uma vez marcamos o encontro para as 8h pois estávamos a cerca de 50km do destino, tomamos o pequeno almoço e retomamos o trilho em direcção a Laxe e ao seu bonito albergue.
Seguimos depois por trilho de terra mas tivemos logo outro furo, ainda tentamos resolver o problema com um spray mas não resultou e acabou-se por substituir a câmara de ar.
Passamos por Silleda e seguimos até Ponte Ulla, com uma paragem primeiro num ponto muito alto antes de descer para a povoação e onde ficaram uns óculos esquecidos.
Chegados a Ulla que é pequena mas interessante, passamos a ponte medieval e começamos a subir para Outeiro mas por um caminho que nos obrigou a levar a bicicletas à mão. Depois atravessamos uma zona florestal e chegamos perto do albergue de Outeiro onde já estava a carrinha com o nosso almoço. Foi aí que dei conta da falta dos óculos e lá fomos na carrinha até à nossa ultima paragem à sua procura mas onde já não estava nada, perguntando nas casas lá soubemos que alguém os tinha encontrado e os tinha dado a uns peregrinos para os deixar no albergue seguinte (Outeiro) lá fomos fazendo o percurso, indo inquirindo os peregrinos que encontrávamos sobre os óculos, até que os encontramos mesmo à chegada do albergue.
Catedral, ao fundo
Por causa desta vicissitude acabamos por ter uma paragem superior à esperada mas ainda fomos tomar café e visitar o albergue para depois fazermos os últimos 20km para chegar a Santiago.
Mais uma vez a chegada foi pelo sul que nos obriga a uma ultima subida até à praça do Obradoiro. Chegados lá já tínhamos quem nos esperasse e foi com alegria que nos felicitamos e tiramos as fotos obrigatórias.
Como chegamos pelas 17h foi possível tomar um banho e descansar um pouco antes de jantar. Jantamos, demos uma volta pelos bares para comemorar o feito e fomos dormir.

28.04 - Domingo
Não era necessário levantar muito cedo mas pelas 10h esperávamos o autocarro que nos vinha buscar e trazia as nossas famílias e amigos. Antes queríamos ir buscar o nosso certificado de peregrino que é dado depois de mostrar a compostelana toda carimbada e há sempre fila.
De seguidas uns foram à missa outros passear e no fim fomos todos almoçar, dar uma volta por Santiago e depois foi arrumar as bicicletas na carrinha e regressar no autocarro.

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